A Associação Mulheres do Mar (AMMAR), em parceria com o Observatório BTS e Fundação Aleixo Belov, promoverá no dia 29 de agosto a Expedição Educativa na Baía de Todos os Santos, a bordo da escuna Maria Mulata, como parte do projeto Diálogos Ecossistêmicos da AMMAR – “Pais de Projetos de Vanguarda”. O percurso começará na Marinha da Penha, seguirá para Bom Jesus dos Passos e passará pela Marina de Itaparica. O evento incluirá o momento “Ciência & Consciência”, com a presença da professora Zelinda Leão, da Academia de Ciências da Bahia, e do pescador José Cunha, da Comunidade de Base da Ribeira. Vão estar a bordo ativistas ambientais, professores, estudantes, empresários, representantes da sociedade civil e integrantes da comunidade náutica.
Localizada no estado da Bahia, a Baía de Todos os Santos (BTS) recebeu o título de “capital da Amazônia Azul” pela Marinha do Brasil em 24 de setembro de 2014, durante o I Fórum Internacional de Gestão de Baías, realizado no Palácio da Associação Comercial da Bahia (ACB), em Salvador. Com uma extensão de 1.233 quilômetros quadrados, a baía foi denominada pelos Tupinambás como Kirimurê, que significa “grande mar interior”. Este segundo episódio dos Diálogos Ecossistêmicos visa promover um maior entendimento sobre a economia do mar e o desenvolvimento sustentável das comunidades que habitam as 57 ilhas da região.
Para Zelinda Leão, professora do Programa de Pós Graduação em Geologia, do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia e Ph.D. em Geologia Marinha pela Rosenstiel School of Marine and Atmospheric Sciences da Universidade de Miami, com foco nos ecossistemas coralíneos, é crucial unir organizações para um diálogo interdisciplinar sobre a BTS, especialmente “quando os interesses humanos são priorizados”. Ela ressalta a necessidade de minimizar os impactos ambientais na BTS por meio de ações conscientes e responsáveis, com a mobilização de todos os atores públicos, privados e da sociedade civil organizada, visando à saúde e à sustentabilidade de todos os ecossistemas marinhos da baía, incluindo recifes e manguezais. A professora destacou que os ecossistemas marinhos, em especial os recifes de corais, sustentam uma vasta comunidade de organismos, tanto animais quanto vegetais, formando uma cadeia alimentar que beneficia as comunidades humanas, fornecendo-lhes alimento, renda e proteção, sendo “uma verdadeira cidade submersa sustentável,” enfatizou Zelinda.
A resiliência ecossistêmica da Baía de Todos os Santos é um ponto positivo observado pela pesquisadora, que dedica sua vida ao estudo dos ambientes marinhos tropicais. Segundo ela, os recifes de corais mostram sinais de recuperação, apesar dos conhecidos impactos ambientais, como a poluição química persistente, a pesca predatória (incluindo o uso de explosivos), a destruição dos manguezais, o turismo inadequado, os efeitos do aquecimento das águas oceânicas e a introdução de espécies invasoras. Zelinda Leão alerta sobre a necessidade de avaliar cuidadosamente os riscos e benefícios de qualquer ação, considerando todas as comunidades marinhas e humanas, especialmente quando se trata de exploração em águas profundas, como já ocorre na exploração de petróleo. “As vantagens, desvantagens, riscos e a proteção ambiental precisam ser muito bem avaliadas,” concluiu a professora.
“Acho fundamental expedições educativas ecossistêmicas para aproximar as partes interessadas. A BTS precisa de mais diálogos e visão comparativa de soluções”, afirma Moyses Cafezeiro, fundador do Observatório BTS e um dos idealizadores da expedição. A oceanógrafa e gestora da Fundação Aleixo Belov, Larissa Nabuco, afirma que essas iniciativas impulsionam a economia do mar baiana. “Estamos em um momento ímpar na história de nossa Baía de Todos os Santos, com tantos investimentos sendo discutidos, com tantos debates sobre a economia do mar, justamente por sermos a capital da Amazônia Azul. Quanto mais projetos como este forem realizados, mais o nosso estado ganha”, declara Larissa Nabuco. “Acho fundamental expedições educativas ecossistêmicas para aproximar as partes interessadas. A BTS precisa de mais diálogos e visão comparativa de soluções “, ressaltou Moyses Cafezeiro, fundador do Observatório BTS .