Estudos com foraminíferos — microfósseis marinhos com menos de um milímetro — têm ajudado cientistas a desvendar como a vida nos oceanos reagiu a eventos climáticos extremos no passado da Terra. Agora, esses organismos unicelulares ganham destaque em pesquisas que buscam entender os efeitos do aquecimento global atual sobre a biodiversidade marinha.
Apesar do tamanho diminuto, os foraminíferos têm um papel gigantesco na história do planeta. Suas conchas calcárias, acumuladas no fundo dos oceanos ao longo de milhões de anos, formam registros geológicos riquíssimos. Esses fósseis funcionam como cápsulas do tempo, preservando informações sobre temperatura, acidez e composição química das águas em diferentes eras.
De acordo com dados recentes, dois eventos extremos ilustram bem o comportamento desses organismos: a extinção em massa causada pelo impacto do asteroide há 66 milhões de anos e o aquecimento abrupto de 5 °C ocorrido há 56 milhões de anos, possivelmente provocado por atividade vulcânica intensa.
No primeiro caso, os foraminíferos que viviam próximos à superfície dos oceanos desapareceram em larga escala. Já aqueles que habitavam o fundo do mar conseguiram sobreviver, alimentando-se da matéria orgânica em decomposição que se acumulava nas profundezas. No segundo evento, o aumento da acidez dos oceanos afetou gravemente as espécies bentônicas, que vivem no fundo, corroendo suas conchas. Em contrapartida, espécies planctônicas migraram para regiões polares, comportamento semelhante ao que vem sendo registrado nas últimas décadas.
Essas evidências reforçam a preocupação dos cientistas com os impactos das mudanças climáticas atuais sobre os ecossistemas marinhos. Com a elevação das temperaturas e a acidificação das águas, a previsão é que a oferta de alimento em regiões profundas diminua, afetando toda a cadeia alimentar oceânica.
Pesquisadores acreditam que os foraminíferos podem continuar sendo aliados valiosos para compreender e antecipar os desafios ambientais do futuro. Ao revelar como os oceanos responderam no passado, esses fósseis minúsculos ajudam a desenhar estratégias de preservação da vida marinha no presente.
Informações: Revista Veja