A governança compartilhada da Baía de Todos-os-Santos (BTS) ganhou novo fôlego com a realização do nono episódio da série Diálogos Ecossistêmicos, promovida pela Associação de Mulheres do Mar (AMMAR) . O encontro, realizado no auditório Makota Valdina, da Secretaria de Cultura de Salvador, marcou o lançamento do Plano de Ação de Proteção Anual da Baía de Todos-os-Santos (PAPA), construído a partir das escutas realizadas nos episódios anteriores da série.
A atividade teve como foco a construção de uma agenda comum em torno da chamada “Amazônia Azul”, com destaque para temas como educação ecossistêmica, economia do mar, cultura oceânica e conservação da biodiversidade. Estiveram presentes representantes do poder público, de organizações da sociedade civil, do meio acadêmico e da iniciativa privada.

Durante o evento, a Secretaria do Mar da Bahia (SEMAR) apresentou diretrizes voltadas à implementação de uma política costeira integrada, com ênfase na proteção ambiental e no estímulo à economia azul. Segundo a secretária Duda Lomanto, esses espaços de escuta são fundamentais para consolidar uma governança verdadeiramente colaborativa.
João Reisch, da Secretaria Municipal de Sustentabilidade, Resiliência e Proteção Animal (SECIS), destacou os avanços relacionados à criação do Parque Marinho da Barra, incluindo a aquisição de uma embarcação própria para ações de fiscalização e parcerias com organizações voluntárias, como o Coletivo Fundo da Folia, responsável por ações regulares de limpeza e conservação marinha.
O Plano de Ação de Proteção Anual da BTS, lançado oficialmente no encontro, propõe ações voltadas à mitigação de problemas históricos na baía, como poluição, pesca predatória, turismo desordenado, impactos das mudanças climáticas e fragmentação da gestão pública. Entre as estratégias sugeridas estão:
- Ampliação da educação ecossistêmica em escolas e centros comunitários;
- Fortalecimento da economia circular, da coleta seletiva e das cooperativas locais;
- Eliminação de plásticos descartáveis em eventos e estabelecimentos;
- Criação de um fundo sustentável financiado por multas e por parcerias com o setor privado;
- Maior participação da população em conselhos gestores e fóruns de decisão;
- Uso de tecnologias para fiscalização ambiental.
Além do plano, foi apresentado o movimento ECOesão, que busca articular ações colaborativas em torno de uma governança regenerativa, baseada em escuta ativa e justiça intergeracional.
Participantes do setor privado relataram experiências já em curso. Um exemplo é a eliminação do uso de plásticos de uso único em empreendimentos hoteleiros em regiões costeiras, substituídos por alternativas reutilizáveis ou biodegradáveis.
