Pela primeira vez em mais de um século, moradores e visitantes de Paris puderam mergulhar legalmente nas águas do Rio Sena. A reabertura oficial para a natação pública ocorreu neste sábado (5), marcando um momento simbólico para a cidade e para a política ambiental francesa. A liberação foi possível após anos de obras de saneamento e intervenções estruturais impulsionadas pelos preparativos para os Jogos Olímpicos de Paris 2024, que utilizaram o Sena como cenário de provas aquáticas.
Três pontos ao longo do curso do rio foram oficialmente autorizados para o uso recreativo na capital, com previsão de receber até 1.000 banhistas por dia até o fim de agosto. As áreas estão sinalizadas com bandeiras verdes ou vermelhas, a depender da qualidade da água no dia — sistema semelhante ao usado em praias. Testes diários são realizados para garantir a segurança dos usuários.
O projeto de reabilitação do Sena envolveu investimentos em infraestrutura sanitária, com destaque para a conexão de dezenas de milhares de residências à rede de esgoto, modernização de estações de tratamento e construção de reservatórios para evitar o transbordamento de águas pluviais misturadas a esgoto durante chuvas intensas — problema histórico que impedia a balneabilidade do rio.
A reabertura não se limita à área urbana de Paris. Segundo autoridades locais, outras 14 zonas de banho também serão abertas nas bacias dos rios Sena e Marne em localidades fora da capital. O objetivo é consolidar o uso recreativo e sustentável dos rios como parte do cotidiano dos franceses.
Desde 1923, a natação pública no Sena era proibida por razões sanitárias. Ao longo do século XX, o rio se tornou símbolo da poluição urbana e do descaso ambiental, mas também passou a representar um dos maiores desafios ecológicos enfrentados pelas metrópoles europeias. A requalificação do Sena e sua reabertura são vistas como vitórias da engenharia ambiental e da gestão pública de longo prazo.