Um tubarão-tigre marcado com transmissor via satélite por pesquisadores em Fernando de Noronha está em Itacaré (BA), a uma distância de mais de 2 mil km. O animal recebeu o equipamento no dia 20 de julho na ilha e passou a ser monitorado numa pesquisa sobre o comportamento da espécie.
A pesquisa é desenvolvida pelo Projeto Tubarões e Raias de Noronha e Arabia Saudita King Abdullah University of Science and Technology (KAUST), instituição da Arábia Saudita. Os estudiosos realizaram uma expedição na ilha no mês de julho.
O tubarão monitorado é uma fêmea, batizada pelos pesquisadores com o nome de Pérola. A migração do animal confirma a expectativa dos pesquisadores, mas também apresenta surpresa.
“Outros tubarões-tigre marcados em Fernando de Noronha e rastreados com essa tecnologia por outras equipes de pesquisa seguiram rumo à costa do Brasil e até mesmo rumo à África. A surpresa é que, nos tubarões rastreados em estudos anteriores, os animais não foram tão ao sul, como está se descolando esta fêmea”, disse a coordenadora do Projeto Tubarões e Raias de Fernando de Noronha, Bianca Rangel, que também é pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP).
A tecnologia utilizada permite que os pesquisadores acompanhem diariamente a rota de migração dos tubarões marcados. Até o momento, os demais sete tubarões marcados permanecem nas redondezas do arquipélago. O relatório foi divulgado e pode ser acessado na internet.
A pesquisadora da KAUST, a brasileira Raquel Lubambo, informou que a fêmea monitorada foi uma das duas identificadas como possivelmente grávidas. Esse foi o animal que recebeu a marcação para acompanhamento via satélite.
Lubambo acredita que, ao migrar em direção ao sul, a fêmea pode estar em busca de áreas mais seguras para o nascimento dos filhotes, um comportamento que é comum em várias espécies de tubarões.
Bianca Rangel explicou que essas informações são essenciais para a conservação dos tubarões, uma vez que mostram a conectividade deles com outras regiões protegidas. “Isso pode influenciar a movimentação no Oceano Atlântico como temperatura, correntes marítimas, estágio de vida, entre outros”, declarou a coordenadora.
O monitoramento permitirá aos cientistas mapear com mais precisão as áreas críticas para a conservação do tubarão-tigre, contribuindo para estratégias de conservação mais eficazes.
Reprodução: G1