Nesta quarta-feira (9 de julho de 2025), o presidente dos EUA, Donald Trump, publicou uma carta à Presidência do Brasil anunciando a imposição de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil pelos EUA, a partir de 1º de agosto de 2025.
Embora a medida tenha sido justificada por Trump com argumentos políticos — associados ao julgamento do ex-presidente Bolsonaro e suposta censura a empresas americanas —, seu impacto econômico imediato ocorre num contexto em que o Brasil é relevante exportador de embarcações e equipamentos ao mercado norte-americano.
Impactos na economia náutica
1. Desvalorização da competitividade brasileira
Tomadores de embarcações brasileiras sofrerão um acréscimo significativo de custo — pagando metade mais caro em imposto, sem reajustes nos preços de fábrica. Isso enfraquece preços brasileiros frente a concorrentes (Como México, Europa e Canadá), reduzindo a demanda por embarcações “Made in Brazil”.
2. Pressão sobre estaleiros, revendas e distribuidores
Estaleiros que exportam diretamente aos EUA deverão reavaliar contratos, rever margens e ajustar volumes. Revendas americanas poderão cancelar encomendas ou migrar para produtos de outros países.
3. Impacto nos fornecedores de peças e serviços
Motores, guinchos, sistemas de navegação e partes especializadas também entram na lista. Com a tarifa uniforme sobre “todos os produtos”, o custo de peças importadas dos EUA (geralmente parte de componentes globais) pode aumentar, causando efeitos em toda cadeia produtiva.
4. Volume e receita em risco
Embora não existam dados setoriais específicos ainda, o Brasil exporta significativa fatia em embarcações e componentes náuticos, com os EUA absorvendo aproximadamente 20-25% desse total. Um aumento de 50% nos tributos deve reduzir drasticamente a competitividade, com estimativas conservadoras de queda no volume de vendas nos EUA.
5. Cautela diplomática e variação cambiaI
Imediatamente após o anúncio, o real desvalorizou-se em mais de 2% frente ao dólar . Essa volatilidade pode inflacionar custos de insumos importados, exacerbando incertezas da cadeia náutica (como tintas, resinas e fibras de vidro).
A taxação imposta por Trump marca um revés nas relações comerciais com impacto direto no setor náutico brasileiro. Estaleiros e exportadores de embarcações devem enfrentar perda de competitividade e retração nas vendas aos Estados Unidos, afetando a produção e o desempenho do setor no curto prazo. O momento é de atenção e incerteza para toda a cadeia náutica nacional.Possíveis oportunidades para o setor náutico brasileiro
Apesar dos impactos imediatos, a taxação pode abrir espaço para que o Brasil fortaleça relações comerciais com outros mercados, como Europa, América Latina e Oriente Médio, onde embarcações brasileiras já despertam interesse. A medida também pode estimular a indústria nacional a buscar maior inovação, agregar valor aos produtos e diversificar destinos de exportação, reduzindo a dependência do mercado norte-americano. Internamente, o cenário pode favorecer o fortalecimento do mercado de embarcações seminovas, impulsionado pela busca por alternativas mais acessíveis diante da instabilidade nas importações e exportações.