O boto-cor-de-rosa, também chamado de boto-da-Amazônia ou boto-vermelho (Inia geoffrensis), é o maior golfinho de água doce do mundo e um dos símbolos da biodiversidade da região amazônica.
Apesar da importância ecológica e cultural, a espécie está em risco extremamente alto de extinção. Para o professor Marcelo Ândrade, do Núcleo de Ecologia Aquática e Pesca da Universidade Federal do Pará (UFPA), a situação é preocupante.
“Assim como outras espécies da fauna brasileira, os botos sofrem diferentes pressões que os colocam em risco. Na última avaliação feita por especialistas do ICMBio, publicada em 2023, o boto-cor-de-rosa foi enquadrado na categoria Em Perigo (EN), que já indica ameaça séria de extinção”, explica.
De acordo com o biólogo Marcelo Derzi Vidal, analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a degradação ambiental está entre os maiores problemas.
“O desmatamento das margens dos rios compromete os cursos d’água e afeta diretamente a espécie. Além disso, as hidrelétricas dificultam o deslocamento dos animais e prejudicam o compartilhamento genético entre populações”, detalha.
Outro problema grave é a caça. Em algumas regiões do Amazonas, sobretudo ao longo do Rio Solimões, botos ainda são mortos para serem usados como isca na pesca do peixe piracatinga.
Há também impactos relacionados ao turismo.“Práticas desordenadas de alimentação artificial colocam em risco a espécie, principalmente no Rio Negro e, mais recentemente, no Tocantins. Apesar de existir legislação estadual, a fiscalização ainda é insuficiente”, alerta Vidal.