A prolongada estiagem no Amazonas tem causado uma crise sem precedentes, afetando não apenas as populações ribeirinhas, mas também a atividade econômica do estado, especialmente o polo industrial de Manaus. Com um terço das cidades em situação de emergência, a seca atinge diretamente o setor produtivo, gerando temores sobre desabastecimento e aumento de custos.
Atualmente, 20 das 62 cidades do Amazonas já declararam estado de emergência devido à estiagem, que deve agravar-se ainda mais até outubro. A seca extrema afeta cerca de 10 mil pessoas de forma direta, mas o número pode se estender a mais de 600 mil até o pico do fenômeno. O nível do Rio Negro, que está em 23,63 metros, é um dos menores já registrados, comprometendo a navegabilidade em diversas áreas.
Cerca de 70% dos insumos que abastecem o polo industrial de Manaus chegam de navio, mas a baixa dos rios compromete o transporte fluvial, afetando as operações em portos importantes, como o Chibatão e o Super Terminais. Em resposta à crise, há esforços para a instalação de um píer flutuante na região de Itacoatiara, o que poderia minimizar as dificuldades enfrentadas pelos cargueiros. No entanto, a solução ainda não é suficiente para compensar a complexidade da situação.
As empresas de transporte fluvial já anunciaram aumentos significativos nos custos para movimentação de contêineres, o que, somado à alta do dólar, representa um grande desafio para a competitividade da Zona Franca de Manaus. Em 2023, quando o Amazonas enfrentou a pior seca em mais de um século, o setor industrial teve que arcar com um aumento de quase R$ 1,5 bilhão em custos logísticos. Este ano, a estimativa já ultrapassa os R$ 500 milhões.
Ainda não há definição se esses custos adicionais serão repassados ao consumidor final, mas o cenário preocupa tanto empresários quanto a população. A continuidade da seca e a escalada de preços podem criar um ambiente de incertezas e dificultar ainda mais a recuperação econômica da região, que já enfrenta desafios estruturais.
O Amazonas, que depende fortemente da sua malha hidroviária, enfrenta um de seus maiores desafios logísticos e ambientais. As próximas semanas serão decisivas para determinar se a crise poderá ser mitigada ou se os impactos serão ainda mais severos para a população e para a indústria local.