Pesquisadores da Parks Canada, em parceria com comunidades inuítes, encontraram recentemente os destroços de um navio britânico do século XIX no Ártico canadense – tão bem conservado que parece estar “congelado no tempo”. O achado ocorreu nas águas geladas da Ilha King William, a cerca de 24 metros de profundidade, no leito da histórica Passagem do Noroeste.
Utilizando drones subaquáticos em missões exploratórias, a equipe mapeou cerca de 20 compartimentos da embarcação – entre camarotes, refeitório e convés – onde encontraram pratos, copos e mobiliário alinhados como se os tripulantes tivessem acabado de sair.
As camadas de sedimento, somadas ao frio extremo e à escuridão subaquática, criaram um ambiente anaeróbico quase perfeito, ideal para manter materiais orgânicos como papéis, jornais e até mapas – que podem estar conservados nos armários do capitão.
O local exato da Cabine do Capitão permaneceu inacessível – curiosamente, sua porta estava fechada, diferente das demais. Agora, os especialistas pretendem utilizar técnicas especiais para acessar essa área selada.
Há ainda esperança de encontrar placas de daguerreótipo — a expedição original possuía tal equipamento — cujas imagens podem, se os vidros estiverem preservados, ser reveladas conforme métodos já testados em outros naufrágios
A embarcação pertence à malfadada Expedição Franklin (1845), enviada para descobrir a Passagem do Noroeste, que terminou em tragédia: os navios HMS Erebus e Terrordesapareceram, levando cerca de 130 tripulantes à morte . Os destroços do Terror só foram localizados em 2016, mas agora a preservação excepcional do navio pode finalmente lançar luz sobre os últimos dias da balsa.
A Parks Canada planeja expandir as operações de exploração nos próximos meses, trazendo novas expedições com drones e mergulhadores. O foco será a recuperação controlada de documentos e artefatos, como instrumentos científicos, mapas e possivelmente fotografias, que podem ajudar a esclarecer como e por que a expedição foi abandonada.
Para historiadores e arqueólogos, o navio é uma verdadeira cápsula do tempo, capaz de transformar nosso entendimento sobre a exploração polar e as condições enfrentadas pelos heróis – e vítimas – da Expedição Franklin.
Informações: CNN BRASIL