Para quem admira o mar, o vento no rosto e a adrenalina do jet ski, talvez já tenha surgido a dúvida: por que, afinal, é proibido navegar com motonáutica à noite? A resposta envolve segurança, legislação e características específicas desse tipo de embarcação. Entender isso revela muito sobre como funciona a navegação brasileira e por que o cuidado é tão rigoroso quando o sol se põe.
A lei é clara: jet ski só navega durante o dia
O principal fundamento legal está na Norma da Autoridade Marítima nº 26 – NORMAM-26/DPC, que regulamenta o tráfego de embarcações miúdas, incluindo as embarcações de esporte e recreio do tipo moto aquática (os jet skis).
A norma determina que a navegação de jet ski é permitida exclusivamente durante o período diurno e dentro de áreas delimitadas e seguras.O motivo? Jet skis não possuem obrigatoriamente equipamentos de navegação noturna, como luzes de navegação e sistemas de localização apropriados, o que inviabiliza a operação com segurança.
Além disso, o próprio Código de Normas da Capitania dos Portos reforça que embarcações miúdas, que dependem de alta manobrabilidade e visão clara, não estão aptas a navegar sem luz natural.O que torna o jet ski tão arriscado à noite?
1. Falta de iluminação obrigatória
Ao contrário de lanchas e veleiros, jet skis não são equipados com luzes de navegação, o que tornaria sua visualização extremamente difícil no escuro.
2. Altas velocidades + baixa visibilidade
Jet skis podem ultrapassar 80 km/h. Noite, mar escuro, ondas não visíveis e outros navegantes sem capacidade de detectar a moto aquática criam um cenário extremamente perigoso.
3. Distância reduzida de visualização do piloto
O piloto de jet ski fica exposto, sem cabine e sem instrumentos avançados de navegação. À noite, a visão fica limitada e o campo de percepção praticamente desaparece.
4. Ausência de equipamentos obrigatórios para navegação noturna
Para navegar após o pôr do sol, a Marinha exige itens como:
• faróis e lanternas regulamentares,
• rádio VHF,
• GPS,
• luzes de alcance visível a grande distância,
• coletes com refletores.
Jet skis não comportam toda essa estrutura
5. Alto índice de acidentes em condições de baixa luz
Estudos da Guarda Costeira de diversos países relatam que grande parte dos acidentes fatais envolvendo jet skis ocorre ao amanhecer, ao entardecer ou com visibilidade comprometida, justamente quando o piloto perde referência visual e é incapaz de evitar colisões.
Curiosidade: você sabia que essa norma é parecida no mundo todo?
Muita gente imagina que a restrição seja uma “rigidez brasileira”, mas a maioria dos países com tradição náutica segue regras semelhantes:
• EUA: as Personal Watercraft (PWC) só podem navegar até o pôr do sol.
• União Europeia: diversos países seguem limites idênticos ou mais restritivos.
• Austrália e Nova Zelândia: a legislação local impede a navegação de jet ski durante a noite ou mesmo em horários de crepúsculo.
Há um consenso internacional: moto aquática + escuridão = risco extremo.
Mas e se o jet ski tivesse luzes? Ainda assim seria proibido?
Sim. Mesmo que alguém instale luzes improvisadas, a Marinha não autoriza porque a embarcação não é projetada para navegação noturna.
A proibição não é apenas sobre enxergar, é sobre:
• estabilidade,
• instrumentos,
• protocolos de emergência,
• tecnologia embarcada,
• sinalização homologada.
Jet ski não atende a nenhum desses requisitos.Por que o assunto desperta tanta curiosidade?
Talvez porque o jet ski seja uma das embarcações mais associadas à liberdade, aventura e adrenalina. Quando as pessoas descobrem que existe uma limitação rígida — e não negociável — para seu uso, surge a pergunta: por quê?
E entender o porquê revela algo interessante:o mar é imenso, mas a segurança é sempre o que guia as regras.
Conclusão
Navegar de jet ski à noite é proibido no Brasil, e em boa parte do mundo, por questões técnicas, legais e, sobretudo, de segurança.
A Marinha do Brasil estabelece normas claras porque sabe que a combinação de ausência de luz, alta velocidade e fragilidade desse tipo de embarcação pode transformar diversão em tragédia em segundos.
A regra existe para proteger vidas, preservar o turismo náutico e garantir que todos possam aproveitar o mar com responsabilidade.
Por: Hugo Leonardo Assis

