Em meio à urbanização crescente e à especulação imobiliária que avança sobre o litoral de Salvador, um tesouro natural resiste silenciosamente — e com vigor. Pouca gente sabe, mas no bairro de Jaguaribe existe um manguezal centenário de proporções impressionantes: o Manguezal do Rio Passa Vaca, um dos últimos remanescentes desse ecossistema essencial na orla da capital baiana.

A área, localizada às margens do Rio Passa Vaca, é mais do que um reduto de biodiversidade. É um pulmão natural que abriga espécies de mangue branco, vermelho e varaúma — algumas já raramente vistas em outras regiões da cidade. Em pleno Dia Mundial de Proteção das Áreas de Manguezal, celebrado em 26 de julho, um grupo de ambientalistas, coletivos locais e voluntários se reuniu para realizar um mutirão de limpeza e cuidado na área.
“Eu estou emocionada. Não fazia ideia da grandiosidade desse mangue. É Salvador! Tem mangue vivo aqui, com fauna e flora riquíssimas. É um espaço de resistência e vida”, declarou Eliete Paraguassu, liderança comunitária e ativista ambiental, em um vídeo postado nas redes sociais durante a ação.
A mobilização buscou não apenas recolher o lixo acumulado na área — tarefa que precisará ser repetida devido ao grande volume —, mas também chamar a atenção da sociedade para a importância da preservação desses ecossistemas.
Apesar de sua importância ecológica, o manguezal do Passa Vaca está esquecido. A área sofre com o descarte irregular de resíduos, a ocupação desordenada e a ausência de políticas efetivas de conservação.