Uma nova alternativa funerária tem ganhado espaço ao propor uma despedida que se transforma em vida: cinzas humanas estão sendo utilizadas na criação de recifes artificiais que ajudam a restaurar ecossistemas marinhos degradados. A técnica, que une inovação ambiental e simbologia memorial, já mostra resultados promissores em áreas costeiras onde foi aplicada.
O processo começa com a aquamation, também conhecida como cremação por água, uma alternativa mais ecológica à cremação tradicional. Com menor emissão de carbono e uso reduzido de energia, a aquamation gera um resíduo similar às cinzas, que é então incorporado a uma mistura de concreto rica em cálcio — elemento presente em conchas naturais. O material é moldado em estruturas porosas, que imitam as condições ideais para o crescimento de corais e o abrigo da fauna marinha.
Os recifes resultantes são implantados no fundo do mar com o objetivo de acelerar a regeneração de habitats marinhos danificados por ação humana ou mudanças climáticas. Em um projeto-piloto na costa de Bali, as estruturas artificiais já demonstraram aumento significativo da biodiversidade local, atraindo diversas espécies de peixes e promovendo a fixação de corais.
A ideia surgiu da união entre vivências pessoais ligadas ao luto e a crescente preocupação com a saúde dos oceanos. A proposta é transformar a perda em legado ambiental, oferecendo uma forma simbólica e ecológica de homenagem. Cada recife torna-se não apenas um memorial subaquático, mas também um ponto de recuperação ecológica em regiões afetadas pela degradação marinha.
A iniciativa foi desenvolvida por uma startup britânica, citada apenas como um dos exemplos dessa abordagem inovadora.
Com o avanço das pesquisas e a busca por licenciamento ambiental em outros países, especialistas apontam que esse tipo de solução pode se tornar uma alternativa viável e crescente no setor funerário — aliando sustentabilidade, simbolismo e conservação ambiental.