Foto: Crédito: Matheus Landim/GOVBA
Pesquisadores intensificam esforços para combater o octocoral Chromonephthea braziliensis, espécie invasora detectada na Ilha de Itaparica, que vem ameaçando a biodiversidade da Baía de Todos-os-Santos. A presença do organismo, de aparência carnosa e tons avermelhados ou brancos, foi confirmada há cerca de um ano e desde então tem mobilizado uma força-tarefa composta por especialistas, órgãos ambientais e voluntários.
O octocoral, originário do Oceano Pacífico e registrado pela primeira vez no Brasil na década de 1990, no Rio de Janeiro, suprime espécies nativas ao competir por espaço e recursos. Em pontos da Ilha de Itaparica, os corais invasores já atingem dois metros de altura e estão presentes em pilares, recifes e estruturas submersas. A hipótese mais aceita é que a espécie tenha chegado à região por meio de plataformas de petróleo trazidas do Rio.
Estratégias de combate
Diversos métodos de erradicação estão sendo testados, incluindo a remoção manual e o uso de substâncias como ácido oxálico (sal azedo), água doce e vinagre. Em um experimento recente, pesquisadores constataram que o sal azedo e a raspagem manual têm se mostrado eficazes. Após a remoção, o coral não voltou a crescer em áreas tratadas com esses métodos.
“Esses resultados preliminares nos dão esperança de que a remoção seja possível, mas o trabalho precisa ser feito com cuidado para evitar que o coral se espalhe ainda mais”, afirmou Tiago Porto, superintendente da Secretaria do Meio Ambiente da Bahia (Sema), ao jornal Correios. A operação tem o apoio do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) e de universidades e organizações socioambientais.
Impactos na biodiversidade
Moradores e pescadores locais relatam mudanças significativas no ecossistema ao Jornal Correios. Alexandre Domício, salva-vidas e pescador da região, descreve o crescimento descontrolado do coral como “árvores no fundo do mar”. A invasão tem afetado espécies nativas, como robalos e tainhas, que desapareceram em algumas áreas.
Segundo Zé Pescador, presidente da Pró-Mar, a ausência de predadores naturais e a rápida reprodução do coral resultam em um “prejuízo gigante para a biodiversidade”. A organização, que já realiza a remoção de outra espécie invasora, o coral-sol, deve assumir o combate ao octocoral assim que as estratégias forem validadas.
Próximos passos
Após a análise final dos testes, será necessário obter autorizações para a remoção definitiva do octocoral. A operação na Baía de Todos-os-Santos é pioneira no Brasil e, se bem-sucedida, poderá servir como modelo para o enfrentamento de espécies invasoras em outras regiões.
“Estamos diante de uma corrida contra o tempo. Precisamos agir de forma rápida e eficiente para proteger o ecossistema da baía”, concluiu Tiago Porto.